
Superando limites e indo além
17/12/2012 16:53
Gn 12.1-3; Ex 14.15-25; Lc 13.31-35; Fl 3.13-14
I) Indo além da rotina e escolhendo o melhor
Toda história bíblica é uma história de escolhas. Ela move o povo e os líderes a escolherem o melhor, e não o bom ou o regular. Ir além é viver uma história de risco na dependência exclusiva de Deus.
Nossa fé determina nossas atitudes e o resultado final das nossas vidas. Não façamos planos pequenos. Façamos o máximo com o que temos, deixe Jesus multiplicar o restante. Lembre-se dos peixes e dos pães nas mãos de Jesus. (Mc 6.30).
Um exemplo de pessoa que alcançou o que não se espera e foi além é Cornélio. (Atos 10.1-6). Sim, Cornélio era gentio, possivelmente um prosélito do judaísmo. Fazia orações e ofertas. Mas desejava mais de Deus para ele e sua família. Por isso, ouvindo Deus, mandou chamar Pedro. Deus derramou do seu Espírito sobre ele e sua família.
Abraão podia ter ficado em Ur da Caldéia, com seus parentes, com Sara e seu gado, mas aceitou o desafio e o resultado todos sabemos, tornou-se o pai da fé e de multidões (Gl 3.7).
Você está satisfeito com o que já conquistou ou quer mais? Todos sabemos que Deus pode fazer muito mais através de você. Portanto, não ponha limites no seu potencial. Deseje mais!!!
II) Passos para ir além
Consciente de que há muitas maneiras para ir longe; e inspirado pelo texto de Haroldo Walker[1], compartilho alguns passos, que, embora simples, são decisivos:
a) Oração
Todas as vidas de sucesso na Bíblia são de homens e mulheres que oravam muito. Precisamos sair da rotina de orações previsíveis. Precisamos orar no Espírito Santo com paixão.
“Vos, porém, amados, edificando-vos na vossa fé
santíssima, orando no Espírito Santo” (Jd 20).
Sinto-me mal em relação a isso. Faço apelos, propostas, insisto para que haja um mover diário de oração em nossas igrejas, mas não sinto um intenso retorno. Melhoramos, mas podemos fazer mais.
Elias tem sido citado como exemplo de homem de oração. A partir de sua disciplina de oração alcançou muitas bênçãos. Entre elas, a benção da chuva após uma imensa seca (I Re 18. 41-46). A oração nos recorda o que Deus já fez e traz convicção de que Ele, por meio da oração, pode e vai fazer mais. Ore e tome posse das coisas grandiosas que Deus tem pra você.
b) A Palavra de Deus
Precisamos ler mais a Bíblia, como quem está faminto de Deus. Daniel acordou para profecia dos 70 anos de cativeiro, lendo Jeremias. Um despertamento ocorreu no reinado de Josias com a redescoberta da Palavra.
Jesus em Nazaré anuncia sua missão lendo o Profeta Isaías. Mais e mais a Palavra precisa ser anunciada, ela é fogo.
“Não é a minha palavra fogo, diz o Senhor,
e martelo que esmiúça a penha? (Jr 23.29”).
Sim, a Palavra de Deus é PODER. A fragilidade do povo de Deus está em conhecer pouco a Palavra. Recordemos o que disse Oséias: “O meu povo está sendo destruído, porque lhe falta conhecimento. Porque tu, sacerdote, rejeitaste o conhecimento, também eu, te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim; visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos”(Os 4.6)
c) Missões
Insistimos em pensar que Missões é sair da nossa cidade e ir para longe ou para outros países. Missões é a razão de ser da Igreja e do/a pastor/a. Fazer missões deve ser o estilo de vida da Igreja. Ela começa em nossa família e se estende até os confins do mundo (Mc 16.15). E isso inclui a vizinhança da igreja, os nossos vizinhos.
Oportunidades são infindáveis. Precisamos cultivar entre nós uma cultura missionária, onde nada deve ser planejado na igreja local e regional que não redunde em vidas salvas, em missionários sendo apoiados. Precisamos ter em nossos cultos um momento missionário, onde testemunhos de missões são compartilhados, estimulando a Igreja a viver missões, sustentando missionários e fazendo discípulos.
d) Unidade
Deus rejeita a contenda e ama a unidade.
O mundo só crerá na nossa mensagem se formos unidos. Vejam Jo13; Sl 133; Atos 2.1. Na unidade, Deus ordena sua bênção.
A falta de unidade é sempre falta de amor. Consideramos que quem não pensa como nós é herege, não tem salvação. Creio ser esta a maior carência da Igreja no Brasil: multiplicam-se Igrejas em função da arrogância doutrinária e da falta de amor e respeito, quando não da rebelião.
e) Liderança fraca
Este título nos passa a ideia de pessoas incapazes. Não se trata disso, mas sim, de que a história envolvendo os grandes feitos de Deus foi construída por homens incapazes aos olhos humanos. Abraão e Sara foram pais das nações, mesmo Sara sendo estéril. Moisés era gago. E temos também os exemplos de Jacó e Gideão (Ler 1Co 2.1-3).
“Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias,
nas necessidades, nas perseguições, nas angústias
por amor de Cristo, Porque quando sou fraco,
então é que sou forte” (2 Co 12.10).
Nós somos muito autossuficiente, às vezes arrogantes. Se alguém conta uma vitória da sua igreja, a pessoa nem acabou de falar e nós já estamos contrapondo com as nossas vitórias. Há uma competição exacerbada entre nós, isso é sintoma do mundo. No mundo bíblico não é assim. Penso que nossa autossuficiência nos leva a fazer missões sem Deus. Afinal, sabemos tudo. Precisamos muito de Deus e dos irmãos, o discipulado tem trazido este senso de comunhão, de interdependência no Corpo de Cristo.
f) Restauração dos caídos
Não vamos avançar se não tivermos compaixão dos caídos. Precisamos chorar por eles e ajudá-los a levantar. Há entre nós uma impiedade e prazer mórbido de falar das fraquezas e pecados alheios. Sem querer, ajudamos Satanás a afundar mais ainda as pessoas. O Evangelho de Lucas faz do capitulo 15 uma apologia do zelo de Deus pelo que se perde. Basta observarmos as parábolas da ovelha perdida (Lc 15. 3-7), da moeda perdida (Lc 15. 8-10), e do filho perdido (Lc 15. 11-24). Em todas elas, há uma ênfase na recuperação do que estava perdido. Essa dimensão bíblica deve ser recuperada entre nós. Em todas as igrejas e até no pastorado há caídos e feridos que precisam de restauração.
Precisamos ir sempre além do que já temos feito, não apenas salvando os perdidos, mas também restaurando os caídos.
g) Santificação (Ler Hb 12.14)
Precisamos de mãos limpas e coração puro. Precisamos ansiar por entrar no Santo dos Santos.
Wesley Duewel ensina: “Os seus pensamentos é que moldam você à imagem e semelhança de Cristo ou à imagem e semelhança do mundo e de Satanás. São os seus pensamentos que provam a extensão com que o Espírito Santo enche você. Em seus pensamentos é que você responde à obra do Espírito que pode levar a transformação de todo seu caráter e de sua alma, até a medida da estatura de Cristo” ( cf. Ef 4.13).
Quer ser santificado? Cultive as coisas de Deus que você aprenderá com o Espírito e com a Palavra a pensar e agir conforme o coração de Deus.
Duewel, W. Avalie a sua vida, S.P, ed. Luz e Vida, 2000, pg.121.
Bispo Paulo Lockmann
[1] Walker, H. Dez Estratégias para ir Além, S.Paulo, Revista Impacto, nº 72, 2012.
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