Natal: Tempo da visita de Deus

17/12/2012 16:48

Advento – Tempo da vinda do Senhor Jesus. O termo Advento, em nossas versões, é a tradução de palavras diversas, que, com diferentes matizes, designam a vinda, a chegada, a aparição ou presença gloriosa do Messias, do Cristo, do Filho do Homem ou do Senhor, tomando posse do seu Reino, exercendo o poder soberano e o julgamento final. Trata-se do ato ou acontecimento transcendente, para o qual está voltada a esperança da fé, que marcará o fim do tempo ou do século presente e inaugurará um tempo novo, o da manifestação da realeza dos céus na Terra.

Mas, ultimamente, passou a circular entre os evangélicos um movimento herege, cheio de argumentos históricos distorcidos contra a celebração do Natal. Foram tantos os absurdos ditos que podemos chamar esse grupo de neodocetistas, ou seja, adeptos da velha seita gnóstica surgida no primeiro século, a qual defendia que Jesus nunca encarnou, ou seja, não nasceu, mas, sim, que Ele era apenas uma aparição, alguém somente espiritual.

Sim, pois o grupo que combate a celebração do Natal, no fundo, está dizendo: Jesus não nasceu! É possível que eu esteja exagerando, mas se eu encontrar algum pastor/a metodista que tenha embarcado nesse modismo, nessa teologia sem Bíblia, com argumentos históricos muito falhos, precisarei matriculá-los de novo num curso de Teologia.

Sim, neste Natal, quero ver todos os metodistas testemunhando que Jesus veio; portanto: “Paz na terra, entre os homens e mulheres, a quem ele quer bem” (Lc 2.14). Perdoem-me os/as colegas que nem haviam ouvido falar desse modismo, dessa conspiração contra o Natal e contra os textos bíblicos que anunciam o nascimento do filho de Deus, sim, a vinda do Messias ao mundo, mas precisamos recordar os fundamentos da nossa fé.

 

Celebrando a visita de Deus ao mundo

 

Desde o encontro de Adão e Eva com Deus no Jardim do Éden (Gn 3.8-9), a Bíblia é pródiga em registrar as visitas do Criador ao mundo. O êxodo é uma visita do Deus que ouve e vê a aflição do seu povo (Êx 3.7-9). O grande confronto de Elias com os profetas de Baal atrai a visita de Deus aprovando a oferta de Elias sobre o altar por ele levantado (1Re 18. 30-38).

O ministério profético é pródigo em anunciar a visita de Deus a seu povo. Começando por Isaías, quando diz: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz; para que se aumente o seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre. O zelo do Senhor dos Exércitos fará isto” (Is 9.6-7) ou em Ezequiel, quando a glória de Deus visita o templo: “E eis que, do caminho do oriente, vinha a glória do Deus de Israel; a sua voz era como o ruído de muitas águas, e a terra resplandeceu por causa da sua glória” (Ez 43.2).

E ainda num texto poético do Evangelho da Infância de Lucas, quando Zacarias anuncia: “Zacarias, seu pai, cheio do Espírito Santo, profetizou, dizendo: Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo, e nos suscitou plena e poderosa salvação na casa de Davi, seu servo, como prometera, desde a antiguidade, por boca dos seus santos profetas” (Lc 1.67-70). A visita anunciada deixa de ser visita para tornar-se habitação. Deus no Natal vem morar conosco: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai” (Jo 1.14). E o nascimento de Jesus trouxe um novo tempo. Vejamos as consequências disso:

 

a)     Presença de Deus – a nossa salvação.

 

Logo no início do Evangelho de Lucas, tanto no cântico de Maria, como no de Zacarias, o menino veio trazer salvação. E o mesmo ocorre no cântico de Simeão: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação” (Lc 2.29-30).

E no mesmo Evangelho de Lucas, quando da visita aos samaritanos, os quais a rejeitam. Voltando, furiosos, os discípulos pedem a Jesus a destruição deles. E o Mestre os repreende. “Jesus, porém, voltando-se os repreendeu [e disse: Vós não sabeis de que espírito sois]. [Pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las.] E seguiram para outra aldeia” (Lc 9. 55-56).

Hoje, celebrar o Natal é anunciar salvação. É disso que o povo precisa. Temos anunciado cura, prosperidade, que são consequências da salvação. Pessoas são curadas, prosperam, mas vão para o inferno do mesmo jeito. Por isso, salvação e vida eterna é o centro do Evangelho. E só Jesus nos dá: “dizendo: O tempo está cumprido, e o reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.15).

 

b)     Presença de Deus. Renovação da Esperança.

 

O Natal é sinal de que Deus se lembrou de nós. Como disse Zacarias no seu cântico: “Como prometera, desde a antiguidade, por boca dos seus santos profetas, para  nos libertar dos nossos inimigos e das mãos de todos os que nos odeiam; para usar de misericórdia com os nossos pais e lembrar-se da sua santa aliança e do juramento que fez a Abraão, o nosso pai”(Lc 1.70-73). É reconhecer que a presença de Deus traz esperança. Assim aconteceu quando o profeta Azarias foi ao encontro do rei Asa e disse: “Israel esteve por muito tempo sem o verdadeiro Deus, sem sacerdote que o ensinasse e sem lei.  Mas, quando, na sua angústia, eles voltaram ao Senhor, Deus de Israel, e o buscaram, foi por eles achado. Naqueles tempos, não havia paz nem para os que saíam nem para os que entravam, mas muitas perturbações sobre todos os habitantes daquelas terras. Porque nação contra nação e cidade contra cidade se despedaçavam, pois Deus os conturbou com toda sorte de angústia. Mas sede fortes, e não desfaleçam as vossas mãos, porque a vossa obra terá recompensa” (2 Cr 15.3-7)

Ou quando Josafá orou à vista dos exércitos de Moabe e Amom: “ e disse: Ah! SENHOR, Deus de nossos pais, porventura, não és tu Deus nos céus? Não és tu que dominas sobre todos os reinos dos povos? Na tua mão, está a força e o poder, e não há quem te possa resistir”(2Cr 20.6).  E a resposta foi: “Então, veio o Espírito do Senhor no meio da congregação, sobre Jaaziel, filho de Zacarias, filho de Benaia, filho de Jeiel, filho de Matanias, levita, dos filhos de Asafe, e disse: Dai ouvidos, todo o Judá e vós, moradores de Jerusalém, e tu, ó rei Josafá, ao que vos diz o SENHOR. Não temais, nem vos assusteis por causa desta grande multidão, pois a peleja não é vossa, mas de Deus” (2 Cr 20.14-15).

Sim, a presença de Deus traz consolo e esperança e a sua presença é certa: “Ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século” (Mt 28.20).

 

c)      Presença de Deus. Paixão e Missão.

 

Quando o Senhor vem, traz o derramar de seu amor para conosco. Sim, Deus amou o mundo, deu seu filho por nós (Jo 3.16). Sim, quando Deus vem, o seu Espírito nos toca. O apóstolo Paulo testifica: “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5.8).

Assim, Natal é sentimento. Percebemos isso quando nos reunimos em família; é abraço, é presente, é alegria. Graças a Deus, nunca tive um Natal triste, sempre Natal para mim foi tempo de alegria. Em todos eles, o Menino Jesus foi o grande personagem. Por isso, Natal gera compromisso. Temos que compartilhar esse sentimento, anunciar a todo mundo: Jesus veio! Deus está presente! Há esperança! Esta é nossa missão!

Gosto de poesia e de nossos hinos de Natal.  Recordemos com o poeta tal visita na letra do hino Eis dos anjos a harmonia (veja quadro).

 

Bispo Paulo Lockmann

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